A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
Uma das grandes perguntas que ainda não se tem resposta é: o que acontece depois que morremos? Embora não exista um consenso, as religiões trazem diferentes caminhos do que acontece depois.
Por Gabrielle Rodrigues
Uma das grandes perguntas que ainda não se tem resposta é: o que acontece depois que morremos? Embora não exista um consenso, as religiões trazem diferentes caminhos do que acontece depois.
27/11/2020
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Quando a diversão desconstrói
Por Rodrigo Honorato Cardoso
27/11/2020

The Last of Us 2. Foto: Internet/Reprodução
O que antes servia de diversão e entretenimento, hoje se tornou uma ferramenta de trabalho ou então um canal para disseminar informações e empoderar através de representações de grupos que eram invisíveis, mesmo que presentes neste universo. Assim como a indústria cinematográfica, os jogos eletrônicos passaram por mudanças em sua história, e, grande parte delas, como uma consequência de transformações sociais.
Questões que envolvem minorias sociais são cada vez mais discutidas e levantadas no processo de desenvolvimento dos jogos, seja através de situações que envolvam personagens secundários ou então até quem os protagoniza, como é o caso de Ellie, em The Last of Us 2, lançado em junho deste ano.
O fato de a desenvolvedora inserir a protagonista em um romance homoafetivo incomodou muitas pessoas que eram fãs de uma das franquias de jogos de mais sucesso do Playstation, mas abriu espaços para a discussão da representatividade crescer dentro deste universo.
Não é de hoje que questões envolvendo identidade de gênero e orientação sexual são levantadas. Falando exclusivamente da comunidade LGBTQIA+, a primeira questão de “representatividade” pode ter surgido em Super Mario Bros 2, lançado em 1988, com Birdo, definida como “um dinossauro que acha que é mulher”, mas isso não foi “problema” na época, mesmo que criado de maneira estereotipada.
Além disso, em jogos como “The Sims”, conhecido praticamente por ser um “simulador de vida”, o relacionamento e casamento entre pessoas do mesmo gênero foi disponibilizado em 2009, com o lançamento da 3ª edição do jogo, o que significou um grande passo para a representatividade da comunidade LGBTQIA+.

Foto: Internet/Reprodução
De acordo com o sociólogo Rodolfo Schian, a representatividade é uma questão que diz muito sobre o nosso sistema político da democracia, que tem justamente a função de representar ideais em comum de um grupo de pessoas. “É dentro deste conceito que vemos emergir os governos, sindicatos, partidos, associações e outros tipos de organizações e grupos.” explica.
O funcionário público Leandro Ferreira teve seu primeiro contato com os jogos aos nove anos e hoje é líder de um time competitivo de Overwatch, jogo lançado em 2016 e que possui uma personagem declaradamente homossexual. Ele conta que hoje não tem preocupação alguma quanto à sua orientação sexual nos jogos online, mas entende que este ambiente pode ser intimador. “Vejo que grande parte das pessoas que são da comunidade LGBTQIA+ procuram outras pessoas que também sejam de grupos de minorias para evitar situações desagradáveis”. ressalta o gamer.
Leandro ainda ressalta que já sofreu com o preconceito dentro de jogos multiplayer (modalidade na qual jogadores competem entre si. “A grande maioria das vezes é gente xingando gratuitamente, principalmente de ‘viado’. Geralmente acontece mais quando você quando você não está jogando bem e a pessoa tenta usar da sua orientação sexual para de alguma maneira de diminuir ou justificar a sua habilidade dentro do jogo”
Por outro lado, ele ainda faz questão de ressaltar que as organizações de campeonatos estão ficando mais severas quanto à penalidades para este tipo de comportamento e ainda estimulava o debate para conscientização. “Acho bacana que grupos que promovem campeonatos, antes de jogos, começaram a promover entrevistas e debates sobre assuntos como feminismo, racismo e LGBTQIA+fobia.”
João Peranovich, além de produtor de conteúdo, também atua no cenário competitivo de videogames e comenta que sente uma melhoria constante da comunidade sobre a questão de representatividade. “Digo que a representatividade nos games tem se tornado mais ampla que a do cinema. Atualmente a gente (gamers) tem vários personagens memoráveis e que pertencem a minorias, o que é muito bom para tornar o ‘ambiente’ mais livre.” Outro ponto de destaque e de extrema importância para Peranovich é que os streamers¹ tem vestido a camisa e apoiado a causa como nunca feito anteriormente.
Uma das pessoas que faz isso é o Marcelo Dias, que é LGBTQIA+ começou a realizar transmissões ao vivo de jogos e produzir conteúdo relacionado a jogos recentemente. “Eu me lembro de quando era adolescente e era frustrado por ter crescido dentro da igreja, querendo casar e construir uma família. Não entendia as coisas e o estereótipo que eu tinha era que a comunidade LGBT era promíscua”
Não foi através dos jogos que Marcelo se desconstruiu e se aceitou, mas ele ressalta que ainda assim a representatividade é importante para qualquer pessoa “Um dia eu liguei a TV e vi, em uma série, um casal gay com uma filha. Aqui mudou a minha vida e o meu jeito de enxergar o mundo”
“Quando você não é representado, você se sente invisível.” Marcelo Dias

Foto: Arquivo Pessoal/Marcelo Dias
“É legal ter essa representatividade para você se sentir mais confortado e ver que você não está sozinho nessa.” João Peranovich

Foto: Arquivo Pessoal/João Peranovich
Leandro, por sua vez, comenta sobre a importância de uma pessoa se ver representada “Quando um protagonista é representado como um de nós, ele mostra que temos uma vida normal, que temos sentimentos, que vamos enfrentar frustrações, que podemos enfrentar aventuras e nos arriscar. É sobre inserir e dar espaço para essas pessoas para mostrar que elas têm vidas normais como qualquer outra” comenta.
Schian comenta que é essa, no melhor dos mundos, é justamente essa a importância de se trabalhar com a questão da representatividade. “É através da própria comunicação, dos filmes, seriados e jogos que podemos retomar a representatividade e ir além das definições do que é o que na sociedade contemporânea. São espaços de esperança, de cultura e de resistência. A representatividade é o espelho das representações sociais e falam sobre um coletivo sem perder a individualidade de cada ser”
É possível notar uma grande melhoria na quantidade de personagens que fazem parte de grupos de minorias ou então que trazem essas questões durante o desenrolar dos jogos, mas ainda há um caminho muito longo a ser percorrido. Leandro diz que o cenário competitivo é um bom exemplo disso. “Espero que todos possam jogar sem serem julgados por sua orientação sexual ou então identidade de gênero. A gente só precisa ser tratado como seres humanos que buscam se divertir”.