A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
Uma das grandes perguntas que ainda não se tem resposta é: o que acontece depois que morremos? Embora não exista um consenso, as religiões trazem diferentes caminhos do que acontece depois.
Por Gabrielle Rodrigues
Uma das grandes perguntas que ainda não se tem resposta é: o que acontece depois que morremos? Embora não exista um consenso, as religiões trazem diferentes caminhos do que acontece depois.
27/11/2020
Por Gabrielle Rodrigues
27/11/2020
Hapkido: a arte de defesa oriental que plantou raízes no interior de São Paulo
A arte marcial coreana que conquistou espaço em uma família de Itapetininga
Por Rodrigo Andrade
27/11/2020

Marcos começou a dar aulas de hapkido nos anos 90 e desde então Josiane também começou a participar; Luana e Alice começaram ainda crianças. Foto: Arquivo Pessoal /Marcos Silvério
O hapkido não tem ao certo uma data de início, o que se tem conhecimento é que foi criado na Coréia do Sul, como uma forma de desenvolver a energia vital de cada pessoa. No Brasil, essa arte de defesa pessoal chegou em meados dos anos 60, e nos anos 70, a São Paulo. No interior do estado, mais precisamente em Itapetininga (SP), foi onde o mestre Marcos dos Santos Silvério, de 48 anos, se instalou e montou a academia hapkido contato Brasil.
Apesar de não ser muito midiático, segundo Marcos, o hapkido é muito utilizado atualmente em filmes de ação, e Jackie Chan é um dos grandes praticantes da categoria
A modalidade foi trazida ao mundo cinematográfico por nada mais nada menos do que Bruce-Lee, um dos maiores nomes das artes marciais do cinema. Recrutando o Grão Mestre Jin Han Jae para treinar e supervisionar tecnicamente as estrelas dos filmes, além de trabalhar como ator em alguns filmes.
Fonte: Travinha – Hapkido, a origem
Pelo nome, poucas pessoas conhecem a arte marcial de defesa coreana chamada hapkido. A origem desta palavra, significa “o caminho da união da força e do espírito”. Este, inclusive, é um dos lemas da arte de defesa pessoal.
“Bruce Lee treinava com o mestre Ji Han Jae e o sistema dos filmes dele mudou. O Wesley Snipes lutava karatê quando atuava no filme “Blade”, e depois de uma fase da trilogia, começou a utilizar o hapkido nas imobilizações. Existe uma equipe especifica para fazer coreografias para filmes nas cenas de lutas. Jackie Chan também foi para os Estados Unidos praticar o hapkido."
“Tive um aluno que mudou para a Europa para trabalhar como dublê, e no currículo ele colocou que praticava o hapkido. O resultado é que alguns anos depois, mesmo sem termos contato direto, ele me mandou umas fotos do cenário de um dos filmes do X-Men, onde ele estava trabalhando”, revela.
A história de Marcos com as artes marciais começa muito antes da academia de hapkido, ainda na infância. “Quando era criança, brigava muito e era muito pequeno. Meu pai, que praticava boxe, ficou preocupado por conta do meu tamanho e me levou ao médico. Lá recebemos o feedback que estava tudo normal comigo, mas que seria interessante praticar algum esporte, e meu pai sempre gostou muito de luta e de briga”, conta Marcos rindo.
Após a recomendação do médico, Marcos foi matriculado em aulas de hapkido em Porto Feliz-SP, aos sete anos de idade. Quatro anos após se matricular, a família de Marcos precisou se mudar para Itapetininga.
“Quando me mudei para Itapetininga, não tínhamos condições de ir até Porto Feliz sempre, então meu pai me levava uma vez por mês. O mestre pediu para eu continuar praticando na cidade que estava morando, porém, não existia aula de hapkido na época, então entrei para o karatê kyokushin, categoria mais voltada ao contato.”
“No início da década de 90, tentei voltar a treinar em Porto Feliz, mas fui três vezes para falar com o mestre e acabei me desencontrando com ele. O problema é que a secretária me disse que ele havia parado de dar aulas, o que descobri ser uma mentira 10 anos depois. Com isso, recebi uma indicação para treinar em Sorocaba”, conta.
Marcos começou a dar aulas no fundo de casa com amigos e conhecidos, e convidou algumas crianças que tinham problemas na escola, avaliando os alunos em três meses e dizendo que como eles estavam melhores, não precisavam mais do hapkido.
"Fazia uma jogada de dizer aos pais que não daria mais para dar aulas aos filhos deles, e até me pediam para pagar e continuar com as aulas, mas em vez disso, pedia aos pais para treinar junto com os filhos.”
"Em 1990 dei aulas para a minha namorada, em 1998 me casei com ela, em 1999 nasceu a Luana e em 2000 ela já estava treinando. Treinei meu pai também na década de 1990, e ele recebeu a faixa preta de forma póstuma, como costumamos fazer com alunos que venham a falecer”, revela.
Filha de peixe, peixinho é
Luana Silvério, de 21 anos, é a primogênita da família, e desde os dois anos treina hapkido. Alice Tognarelli, de 7, treina desde os três, e conta que em razão do pai ser mestre de academia, a cobrança acontece dentro de casa.
"Comecei a treinar quando era ‘nenê’, e acho muito legal, porque a gente tem amigos. Meu pai é quem mais me cobra, ele fala para eu ir treinar porque ele é o mestre da academia. Não treinamos todos juntos porque cada um tem um horário”, conta.
Questionada se quer chegar à faixa preta, Alice admitiu com risadas, que sim, porque quer ser autoridade entre as crianças e revelou o desejo de dar aula.
“Quero muito, porque daí eu vou poder mandar na criançada. Eu quero dar aula. Eu ajudo nos treinos quando [as outras crianças] fazem alguma coisa errada, ou quando não estão fazendo nada e era para treinar. Estou na faixa verde ponta azul.”, finaliza.
Luana é a recordista mundial lutadora de hapkido mais jovem da história, quando conseguiu a última faixa aos 8 anos de idade, em 2008.
“Comecei a treinar porque meu pai e minha mãe davam aula. Eu ia com eles e fui entrando no hapkido. Quando comecei a treinar, tinha só um aninho, mas sempre fiquei lá no meio.”
“Para mim conseguir a faixa preta era algo mais distante, mas o mestre que é o 10º Dan hoje em dia, conhecendo meu pai, acabou me conhecendo, vendo minhas técnicas e pediu para eu fazer um exame de faixa. Foi meio inesperado, mas também eu já sabia o que era. Foi uma sensação muito boa, mas deu muito medo também.”, revela.
“Foram dois dias de exame, um só com o mestre que durou 12 horas de exame para conseguir aplicar todas as técnicas que ele pediu, e outro foi aberto por eu ser menor de idade e para convidar todos os mestres de outras artes, além do hapkido, para que não duvidem da minha faixa depois. As emissoras da região cobriram, porque eu fui a faixa preta mais nova do mundo na minha linhagem do hapkido”, conta.
Para Luana, o hapkido é mais do que uma arte marcial de defesa pessoal. Ela, assim como o pai, acredita que o hapkido é uma filosofia de vida, algo para ser levado além dos tatames.
“O hapkido é tido como uma filosofia de vida também, sabe? Quando o aluno inicia, ele é faixa branca. Quando você faz o primeiro exame de faixa e pega a amarela, você faz parte da família hapkido. O olho da gente vai ficar mais em cima de você. Cada passo que você der fora, você deve ao grupo que está te representando. O lema que a gente usa é amar a pátria e os meus genitores, respeitar meus superiores, tratar com amizade os colegas e na luta não recuar nenhum passo, não apenas no combate físico, mas na luta pessoal de cada um, do dia a dia”, afirma.

Luana começou a praticar hapkido por conta do pai, praticante desde a juventude. Foto: Arquivo Pessoal/Marcos Silvério
O pai das meninas relata que a arte marcial é algo que se adapta a cada pessoa, e que isso contribui muito para a evolução no convívio social e em fatores como a autoestima e confiança. Para ele, o hapkido não precisa de adaptação e que a arte marcial pode ser praticada por qualquer pessoa, mesmo não pertencendo aos padrões impostos pela sociedade.
"Te dá disciplina, autoestima, e ajuda a encontrar soluções na vida. Após a faixa preta, continuamos estudando e aperfeiçoamos estudos da natureza humana, como lidar com ervas, massagens, terapias e a trabalhar a energia de cada pessoa”, conclui Marcos.