A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
A morte não é o fim: o que vem depois que os olhos se fecham
Uma das grandes perguntas que ainda não se tem resposta é: o que acontece depois que morremos? Embora não exista um consenso, as religiões trazem diferentes caminhos do que acontece depois.
Por Gabrielle Rodrigues
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27/11/2020
Por Gabrielle Rodrigues
27/11/2020
Funk brasileiro: Do alternativo ao comercial
A criação de uma identidade nacional e a representatividade periférica
Por Karen Hayashida
27/11/2020
Um dos ritmos mais populares no Brasil atualmente é o funk, mas nem sempre foi assim.
O funk brasileiro começou a aparecer no fim dos anos 1970, em meio à ditadura, e, assim como as demais formas de expressão, ele passou por censura e repressão. Diferentemente do que vemos hoje, o ritmo e os próprios bailes funks, nos quais se ouvia muito funk e rap norte-americano, eram feitos na periferia para a periferia, mais especificamente no Rio de Janeiro.
No início, o gênero musical era derivado da soul music norte-americana, que se popularizou entre as décadas de 50 e 60 e era predominantemente preto. O nome do gênero se deu por conta da influência dos bailes. Contudo, como apontam diversos estudos, a maior influência rítmica dos brasileiros era o Miami Bass, uma variedade de hip-hop.
Com o passar do tempo, as mudanças políticas, a interferência da imprensa, as produções mais elaboradas e inúmeros fatores, o funk brasileiro foi assumindo mais autenticidade e se popularizando também fora das periferias e do próprio Rio. Na década de 80, ele já era conhecido em quase todo o território nacional.
DJ Marlboro, Fernando Luís Mattos da Matta, foi um dos grandes responsáveis por essa transformação. Quase nos anos 90, em 1989, ele lançou o álbum Funk Brasil, um marco para a consolidação do gênero no país, com produção totalmente nacional.
Apesar de o estilo brasileiro ter se distanciado bastante do norte-americano, muitas pessoas ainda consomem e produzem sons inspirados pelo soul americano. Um exemplo disso é o artista sorocabano Marcus Alves, que produziu o EP Cores e Corres em 2019 e, recentemente, cedeu entrevista à Lume.
O músico informou que seu estilo musical se deve muito a sua criação, que se deu no que ele chama de casa musicada. Seu pai costumava tocar em escolas de samba de São Paulo, samba que é um estilo que sua mãe também gosta muito, mas não tanto quanto a soul music, mais presente em seu repertório. Seu irmão, por outro lado, prefere o rock. Unindo todas essas referências, o artista se mostra com um estilo diferente do que é considerado mainstream (mais popular) hoje em dia, dando voz ao funk norte-americano e ao soul na região de Sorocaba, mas aberto a todas as possibilidades.

Marcus Alves. Foto:
Quando questionado sobre preconceito, ele, que se considera preto, diz que o isso é algo inevitável de se sofrer no meio musical, não apenas pela cor da pele ou pelo estilo com o qual trabalha, mas também por conta da cultura brasileira, que ainda apresenta muita resistência à produção artística e cultural local.
A questão cultural também foi trazida à tona por Filipe, mais conhecido como MC Gonzaga, que falou conosco a respeito de sua trajetória no funk. Diferentemente de Marcus, ele optou por seguir carreira com o funk da forma mais conhecida e comercializada no cenário brasileiro – passeando entre os diferentes estilos, como ostentação e melody.
Ele, que também se identifica como negro (e opta mais frequentemente pelo uso desta palavra), diz que os “nãos” foram e ainda são muito comuns nessa trajetória, que é algo inevitável, mesmo com uma popularização muito forte do gênero musical no Brasil. Popularização essa que se iniciou ainda nas décadas de 80 e 90, mas se tornou ainda maior a partir do segundo milênio, fazendo-se presente em espaços distintos das periferias, como em casas noturnas e academias.
Mesmo optando por seguir em caminhos musicais diferentes, ambos compartilham de algumas opiniões e visões a respeito da mudança cultural que envolve o funk brasileiro, especialmente das que ocorreram neste milênio.
Para eles, é inegável que o funk mudou muito, principalmente no que diz respeito ao aumento do potencial mercadológico e à profissionalização dos artistas. Consequentemente, a aceitação também aumentou. Mesmo assim, muitas pessoas ainda perguntam “mas, e aí, você trabalha ou só canta funk?”, palavras de Gonzaga, ideia compartilhada por Marcus.

MC Gonzaga. Foto:
Os dois artistas buscam não se prender a um único estilo de música para, assim, poderem conversar com um público maior e levar suas mensagens para diferentes pessoas. Marcus usa muito o seu trabalho musical para expressar seus sentimentos, falar sobre problemas como depressão, questões socioculturais, superação, etc. Gonzaga, por outro lado, diz se preocupar em transmitir boas mensagens não apenas através das letras, mas de todo um comportamento. “Você tem que ser um artista em todos os aspectos” diz.
De forma geral, eles veem essas mudanças de maneira muito positiva. Hoje em dia, muitas portas têm sido abertas para eles e para todo mundo em decorrência da popularização do funk entre as mais diversas classes sociais e grupos étnicos. Gonzaga menciona, inclusive, que ainda existe muito preconceito – muitas vezes por falta de conhecimento – com pessoas de classe baixa.
“’O cara é da favela, ele não pode ter um carro top.’ [...] Mas, acredito que isso tenha diminuído bastante pelo fato de muita gente ser de baixo, muitos negros de periferia terem vencido e, cada dia mais, virem vencendo. Isso cala a boca de muito desocupado.”