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Afrofuturismo: Recriando conceitos pela ótica negra

A mudança do futuro para mudar um passado eurocentrista

Por Thais Santos
27/11/2020

Você sabe ou já ouviu falar sobre o movimento cultural intitulado afrofuturismo? Misturando elementos tecnológicos e futurísticos com ancestralidade, esse conceito pode ser utilizado na música, moda, artes plásticas e cinematográficas, é o encontro entre o resgate da mitologia africana com a ciência.

Surgido na década de sessenta nos Estados Unidos, só ganhou força a partir dos anos noventa, com o objetivo de tirar a lente do eurocentrismo e apresentar questionamentos importantes sobre histórias que, sempre foram apresentadas com o protagonismo branco.

O afrofuturismo traz uma reflexão sobre a problemática do branco criador, descobridor e herói, e traz perspectivas do ponto de vista negro, e utiliza da arte para trazer o protagonismo e representatividade negra.

A narrativa onde apenas heróis brancos existem ficou para trás, no mainstream, filmes ‘blockbuster’ como “Pantera Negra’’ de 2018, foram responsáveis por apresentar o afrofuturismo para a nova geração, que, pela primeira vez, pôde se sentir representada ao ver um herói negro com trajes tecnológicos nas telonas.

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O herói T’challa com seu traje tecnológico feito de vibranium. Foto: Cena do filme Pantera Negra, 2018/Reprodução.

É importante ressaltar que o afrofuturismo não se trata apenas de colocar o negro como protagonista, mas sim, recontar histórias enaltecendo o poder e a genialidade do povo preto, de tal maneira que quebre estereótipos e preconceitos, foi o que fez a cantora Beyoncé, no seu último álbum visual, o “Black is King’’, que narra histórias da diáspora africana de maneira majestosa.

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A cantora Beyoncé em cena no seu álbum visual Black is King, 2020. Foto: Instagram — @DisneyPlus/Reprodução.

Em um mundo onde negam a contribuição africana para o desenvolvimento da ciência através dos séculos, o afrofuturismo quebra qualquer falácia do preconceito, com sua proposta de narrativas afro-inspiradoras mostra o quão necessário é imaginar a ciência a partir da visão negra. Em Lovecraft Country, série da HBO lançada em 2020, os contos assustadores de H. P. Lovecraft são recontados a partir da visão afro-americana da década de 50, e tem como premissa a ciência desenvolvida por negros. Com viagens no tempo, universos alternativos e espaçonaves, a série reconta diversas narrativas antes protagonizadas apenas por pessoas brancas.

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Os personagens George e Hippolyta Freeman em uma viagem ao espaço. Foto: Cena da série Lovecraft Country/Reprodução.

Numa sociedade estruturada pelo racismo, o afrofuturismo torna o sujeito negro como o centro do universo, e, apesar das fantasias, ficção científica e experimentação, as obras do afrofuturismo possuem o papel fundamental de reorientar os negros na criação do próprio futuro, através da sua própria ótica, deixando assim, de ver o universo com o olhar dos algozes da história.

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